Notícia da LUSA publicada no Correio da Manhã (15/04/2025)
> Associação ajudou 400 alunos a desenvolver capacidades artísticas e intelectuais
Lusa
Cerca de 400 alunos, dos 8 aos 80 anos, passaram pela associação Oficina do Desenho desde que foi criada em 2003 para promover a cultura e desenvolver as capacidades artísticas e intelectuais dos estudantes, contou o fundador.
A Oficina do Desenho, em Cascais, tem como objetivos a promoção cultural e recreativa através das artes plásticas e visuais e do 'design', e tem anualmente cerca de 40 alunos, segundo dados enviados pela organização à Lusa a propósito do Dia Mundial do Desenhador, que hoje se assinala.
"A Oficina do Desenho foi fundada como centro de formação e aprendizagem contemporânea do desenho das artes visuais e do 'design' como uma introdução ao mundo da arte", referiu o fundador da associação Rui Aço, em entrevista à Lusa.
O professor e pintor disse ainda que a associação promove a interação entre gerações e ensina pessoas com experiência no mundo das artes e quem está a começar do zero.
O pintor referiu que a aprendizagem é realizada num ambiente informal, em que o mais importante é que as pessoas se sintam bem, como é o caso da aluna Matilde Silva.
A artista conheceu a "Oficina do Desenho" num curso de verão para crianças que participou quando tinha 12 anos e voltou anos mais tarde, quando entrou na universidade.
Em entrevista à Lusa, Matilde recordou que a associação foi uma "grande ajuda" quando estava a tirar a licenciatura em artes visuais, apontando que a primeira nota que teve a desenho foi negativa.
"Estava muito desmotivada, a minha autoestima estava lá em baixo e a oficina do desenho ajudou-me voltar a ganhar confiança em mim própria e na minha arte", indicou Matilde Silva.
A artista referiu que o professor Rui Aço foi um apoio na sua licenciatura e que a incentivou a não desistir.
"O professor incentivava-me, dizendo que eu ia encontrar o meu caminho e uma forma de fazer aquilo de que eu gosto", apontou Matilde Silva.
Segundo a aluna, a Oficina do Desenho valoriza aquilo em que os estudantes são bons e identifica e trabalha as dificuldades, destacando que há um acompanhamento individualizado, ao contrário do que acontece nas escolas.
Matilde Silva referiu que, depois de entrar na oficina, o percurso académico correu "muito melhor" e as notas melhoraram.
No último ano teve 16 valores a desenho e atualmente está a tirar o mestrado em ensino em educação visual e tecnológica porque quer ser professora de educação visual do quinto e do sexto ano.
Matilde Silva disse que mesmo depois de terminar o mestrado quer continuar a fazer parte da oficina e retribuir o apoio que a associação deu.
Mas a Oficina do Desenho não acolhe apenas jovens estudantes como Matilde.
"Em relação aos alunos mais novos, somos uma espécie de alfobre, procuramos talentos", e com os mais velhos a Oficina do Desenho dá continuidade a uma vida ativa: "Muitos deles não conseguiram durante muitos anos [explorar o seu lado criativo] e agora, depois da reforma, conseguem fazer aquilo que queriam e que sempre ansiaram fazer".
Segundo o pintor, muitos dos alunos mais velhos não seguiram artes por não terem a aprovação da família ou porque o emprego não era seguro e por isso tiveram de trabalhar noutra área.
Rui Aço sublinhou que o objetivo é levar a arte a outros e diz que, quando os alunos adquirem as ferramentas para continuar a aprender, podem sair da oficina.
"Quando um aluno já tem asas para continuar, digo 'agora já chega, vá-se embora', mas não se vão embora ficam sempre, continuam ligados a nós", referiu o pintor.
O fundador apontou que às vezes a associação é requisitada por centros de dia a levar a oficina até aos mais idosos, revelando que as atividades ajudam a desenvolver a capacidade cognitiva.
Atualmente, a organização sem fins lucrativos trabalha a pintura, o desenho, a escultura e a fotografia, sendo que tem 324 associados e é um dos clubes da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), de acordo com a associação.